As Meninas de Sinhá trouxeram muitas memórias de suas casas na zona rural de fornos de barro para assar quitandas e biscoitos.
As Mulheres do Jequitinhonha e as Meninas de Sinhá constroem juntas um forno de barro no jardim do Centro de Ação Comunitária Vera Cruz.
Elas coletaram o barro no bairro, montaram a estrutura de varas de madeira e fizeram o forno para assar quitandas que serão partilhadas nas próximas vivências.
Elas coletaram também no Alto Vera Cruz terra de tons diferentes para fazer tintas para tecidos e para parede. Com essa tinta pintaram a fachada e as paredes do CAC – VC.
Meninas de Sinhá
Alto Vera Cruz – BH
25, 26 e 27 de maio de 2023
Nesta terceira vivência as mãos se entrelaçam para mais um dia do projeto Semeando Saberes Ancestrais. Na roda, o canto, a força das mãos que estão prontas para orar juntas, brincar, cantar, bordar, amassar o barro, pintar… e tornar a se encontrar na roda, como marco de cada dia. O encontro de hoje é mão na massa e as pessoas se dividem entre os espaços para os aprendizados, em constante troca e alegria. De um lado, as bordadeiras de Sinhá começaram o dia junto a Carmen, bordadeira da comunidade do Curtume. Do outro as Meninas de Sinhá se encontram com Marli e Nega, que coordenaram a construção de um forno de barro. Do Vale ainda veio Aremita para fazer todo mundo experimentar a pintura com tinta de terra. Os bordados convidam às conversas ao pé do ouvido, as trocas na delicadeza das mãos que se ajudam, na concentração e o trabalho minucioso que aos poucos revela uma saia, um bracinho ou cabelo, as personagens bordadas em ponto cheio e meada. Entre silêncios, conversas e cantigas, o rosto de Carmen se ilumina sobre os desenhos de Ana Cunha, habilidosamente riscados. Do outro lado, os pés amassam o barro, Marli e Nêga montam a cama de madeira e o forno começa a subir entre lembranças de biscoitos e bolos, muita cantoria e risos que atravessam o salão. A equipe corre para auxiliar e registrar tantos acontecimentos! Aremita começa a preparação das tintas de terra. De um lado, as cores ganham vinda em tecidos de algodão que logo logo serão bordados. No outro, baldes de tinta são preparados e algumas mulheres já começam a pintar o salão. O Vale e o Alto Vera Cruz estão também nas tantas cores do barro, encontrado ali mesmo na comunidade, tão perto. “A gente lembrar do passado, é lindo!”, diz com alegria a Menina de Sinhá Ercília, que também teve, na infância, sua casa pintada de barro e um forno sempre cheio de quitandas. O projeto Semeando Saberes Ancestrais nasceu de uma evidência que segue sendo reafirmada a cada encontro. Como disse Vivi, “As Meninas de Sinhá não precisam de tantas novidades. Precisam é de tempo, espaço e “espelho” para reconhecerem sua graça, sua força e sua beleza”.
Letícia Bertelli