13ª Vivência

Na última vivência do projeto Semeando Saberes Ancestrais, as Meninas de Sinhá receberam em sua sede as mulheres do Jequitinhonha para produzirem quitandas aprendidas com seus ancestrais: biscoito montanha russa, biscoito escrivido, cabo de machado (de fubá), cabo de machado (de mandioca) e doce de mamão verde. Assaram as delícias no forno de barro que foi também construído durante o projeto com muita cantoria e alegria de sobra.  

Diário de Bordo - 13ª Vivência

Meninas de Sinhá
Sede das Meninas de Sinhá
23 e 24 de maio de 2024

O sábado amanheceu com a fumaça do forno subindo. Na roda, agradecer, pedir a benção, conectar-se ao Divino como ingrediente primordial. Era dia de quitanda, dia de assar as tantas delícias que, junto ao cheiro da lenha queimando, traziam as memórias das cozinhas e das mãos de tantas mulheres.

O forno de barro, previamente aquecido, seguiu os passos da tradição. Em grupos, todas dedicaram-se a reviver receitas, aprender e ensinar. Na alquimia das cozinhas, elas conhecem ingredientes e inventam, fazem do seu jeito, compartilham saberes que, de geração em geração, aperfeiçoam práticas. Mas, mais ainda, são elas que, nos tantos lares por todo o mundo, nutrem e cuidam. A comida é, assim, ação amorosa. Ao compartilhar umas com as outras os seus saberes, compartilham afetos.

Sueli compartilhou o fazer de seu “biscoito montanha-russa”. Niuza ensinou a preparar um delicioso doce de mamão ralado. Já as Mulheres do Jequitinhonha trouxeram receitas do biscoito de goma de mandioca, também chamado de biscoito escrevido e de bolo de travesseiro, que é enrolado na palha de bananeira, feito em duas versões: milho e mandioca.

As companheiras ajudaram a cortar o mamão, peneirar o fubá, ir aos poucos acrescentando os ingredientes, misturar e amassar, preparar a folha de bananeira e montar as fôrmas. Nas Meninas de Sinhá, a música também é alimento vivo, a nutrir o cotidiano e manter o fio que as conecta não apenas ao passado, mas também à amizade do convívio entre elas e na relação com o público. O encantamento mútuo pelo cantar umas das outras constituiu um repertório que bebe na fonte de musicalidades de raízes ancestrais, agora comum a todas elas. A tarde de cantoria também contemplou muitas conversas para organizar o evento final. E só poderia terminar com a fartura da mesa, cheia de quitandas preparadas naquele dia.

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