“Num sábado com o céu azul de fim de abril, as Bordadeiras e as Meninas de Sinhá receberam no Alto Vera Cruz em Belo Horizonte, a Guarda de Moçambique Nossa Senhora do Rosário Alto dos Pinheiros e também Isabel Casimira (Belinha) que é a Rainha do Congo da Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário e do Estado Maior de Minas Gerais. Um encontro emocionante, com muita fé, música e alegria!”
Meninas de Sinhá
Sede das Meninas de Sinhá
26 e 27 de abril de 2024
Salve Maria!! Entre flores brancas, o altar recebia a imagem de Nossa Senhora do Rosário, convidada de honra daquele dia. As Meninas e Bordadeiras de Sinhá abriam as portas da casa para o seu Reinado, representado pela Guarda de Moçambique Nossa Senhora do Rosário do Alto dos Pinheiros e pela presença de Isabel Casimira, Rainha do Congo da Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário e do Estado Maior de Minas Gerais.
“Eu cheguei lá de Angola, vim trazer paz e alegria / Eu sou negro de Angola, venho do lado de lá, eu cheguei aqui agora, pois eu vim pra festejar / Que alegria!!”, cantou Capitão Geraldo. Em sua primeira fala, ele lembrou que o sentido do encontro está presente onde, mesmo com suas distintas crenças, todas e todos possam se ver como irmãos de caminhada.
A Menina de Sinhá Pretinha, com sua voz forte e profunda de mar, apresentou sua composição para Iemanjá, “a rainha do mar, Sereia”, entoada em seguida por todas:
“Foi na areia, foi na areia…” As Meninas de Sinhá cantaram e dançaram, oferecendo a todos os presentes muita beleza e alegria.
Após um delicioso café, Rainha Belinha lembrou que o aquilombamento em seu bairro fez brotar as tantas sementes das tradições africanas. E reforçou a importância de se seguir cuidando para que os descendentes de povos negros sigam fortalecidos e cientes do passado e dos mecanismos ainda vigentes de escravidão.
Capitã Elizangela contou sobre a origem da Guarda e como, tendo como princípio a humildade, o grupo se constituiu, seguindo a tradição passada de geração em geração, em que “trazer os santos para dentro da nossa fé foi um ato de resistência, para que nós pudéssemos resistir. Por isso, nós nunca estamos sozinhos, isso é um conhecimento ancestral entre nós”.